domingo, 18 de dezembro de 2022

Perfil de risco nos fundos de investimento

 

Os fundos de investimento representam um instrumento de investimento que, dependendo da sua constituição, têm riscos diferentes.

Além de outras informações destinadas aos investidores, as empresas gestoras estão obrigadas a publicar o indicador sintético de risco de cada fundo de investimento, que ajuda os clientes a identificarem facilmente o risco, que tem em conta os dados históricos de rendibilidade do ativo. Este indicador é determinado através do desvio-padrão da rendibilidade do fundo nos últimos 5 anos (desvio-padrão das rendibilidades semanais de 260 semanas), e mede o grau de dispersão da rendibilidade do fundo relativamente à sua média, pelo que o risco será maior quanto maior for a dispersão.

A classe de risco anunciada pode variar entre o nível 1 (menos arriscado  volatilidade inferior a 0,5%) e o nível 7 (mais arriscado  volatilidade superior a 25%). É claro que, como referem os documentos informativos, rendibilidades passadas não garantem rendibilidades futuras.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Atravessamento da faixa de rodagem

 

Na condição de condutor, deparo-me, algumas vezes, com o atravessamento repentino dos peões nas passadeiras, sem terem o cuidado de se certificarem que o podem fazer sem perigo de acidente.

O n.º 1 do artigo 101 do Código da Estrada é claro: “Os peões não podem atravessar a faixa de rodagem sem previamente se certificarem de que, tendo em conta a distância que os separa dos veículos que nela transitam e a respetiva velocidade, o podem fazer sem perigo de acidente.”

Muitas passadeiras estão localizadas logo após a saída das rotundas, dificultando assim a perceção do condutor quanto à aproximação de peões (que, muitas vezes, tem de ter muito cuidado para conseguir evitar acidentes com alguns veículos cujos condutores não respeitam as regras de condução nas rotundas). Já vi um acidente originado por um condutor ter parado na passadeira e o que vinha atrás, que ainda estava dentro da rotunda ou a sair da mesma, embateu-lhe por trás.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Fundos de Investimento

 

Com as taxas de juro dos depósitos a prazos em mínimos históricos, as pessoas procuram outras opções para investir as suas economias.  Os fundos de investimento são um dos instrumentos que permitem vaticinar rendimentos mais elevados do que os depósitos a prazo, embora o risco seja muito superior - é importante perceber que os depósitos a prazos têm baixo risco (existe uma garantia no valor de 100 000 € que permite aos depositantes receber as suas aplicações no caso de as entidades bancárias entrarem em insolvência), enquanto nos fundos de investimento, normalmente, o capital e a remuneração não são garantidos.

Os fundos de investimento podem ser compostos por um conjunto muito diversificado de instrumentos (ações, obrigações, depósitos a prazo, etc.), sendo que da sua composição resultará determinado risco. Um fundo de investimento composto essencialmente por ações terá um risco e uma rendibilidade potencial superiores a um fundo constituído maioritariamente por títulos de dívida pública e depósitos a prazo.

Os fundos de investimento são constituídos por património autónomo  que pertence aos seus investidores tendo em conta as unidades de participação que cada um detém  e são geridos por uma equipa de profissionais, que têm a missão de comprar e vender os ativos que compõem a carteira, de modo que os resultados sejam o mais rentáveis possível para os investidores.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Inflação na Turquia

 

A principal função do Banco Central Europeu (BCE) é manter a estabilidade dos preços, sendo que as taxas de juro são o principal instrumento utilizado para controlar a inflação.

Na Turquia, em vez de se aumentar as taxas de juro para controlar a subida dos preços, o banco central turco decidiu diminuir as taxas de juro de referência. Como resultado desta opção, em outubro a taxa de inflação ultrapassou os 85%. O banco central da Turquia está a tomar medidas contrárias às que são tomadas pela maioria dos bancos centrais, que estão a subir as taxas de juro para controlarem a inflação. Com esta política, não só os preços dispararam, como a lira, a moeda turca, tem vindo a perder valor.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Função do Banco Central Europeu

 

A principal função do Banco Central Europeu (BCE) é manter a estabilidade dos preços na zona euro. Numa altura em que os preços dos bens estão a subir de forma muito significativa, o papel do BCE é indispensável, dado que, através de políticas monetárias, irá tentar estabilizar, o mais rápido possível, os preços.

Nas últimas revisões, o BCE optou por subir significativamente as taxas de juro. As taxas de juro influenciam a quantidade de moeda em circulação, pelo que o seu aumento tem repercussões na procura de bens e serviços, pressionando os preços dos bens para baixo.  Desta forma, o BCE utiliza as taxas de juro para influenciar a quantidade de moeda e, consequentemente, o consumo e o investimento dos agentes económicos.  

domingo, 6 de novembro de 2022

Iliteracia financeira

 

Atualmente, os empréstimos estão acessíveis à maior parte da população, pelo que muitos não hesitam na hora de recorrer ao crédito bancário. No entanto, a iliteracia financeira dos portugueses não permite que as diversas opções disponíveis sejam bem analisadas, para que, futuramente, o risco de incumprimento seja reduzido.

Quando as taxas de juro associadas aos créditos começam a subir, com repercussões no valor a pagar em cada prestação, a comunicação social começa a relatar casos atrás de casos de pessoas que não conseguem pagar o valor das prestações relativas aos contratos de dívida celebrados anteriormente.  

Nos últimos anos, as taxas de juro associadas aos empréstimos bateram constantes recordes negativos, pelo que o valor das prestações era acessível a grande parte da população portuguesa. No entanto, com um pouco de conhecimento dos ciclos económicos e uma análise mais refletida do histórico das taxas de juro (que estavam em valores negativos) facilmente se preveria que, mais tarde ou mais cedo, as taxas de juro iriam subir e o valor a pagar pelos devedores em cada prestação iria aumentar.  

sábado, 5 de novembro de 2022

Inflação subjacente

 

A taxa de inflação, medida através do Índice de Preços no Consumidor, tem subido bastante nos últimos meses, estando a bater recordes dos últimos 30 anos. De acordo com alguns analistas, o aumento vertiginoso a que temos assistido está relacionado, sobretudo, com os preços dos bens alimentares e dos produtos energéticos. Olhando para os números mais recentes, facilmente verificamos que os preços daqueles bens têm sido dos que mais têm crescido.

A inflação subjacente procura eliminar os bens cujos preços são mais voláteis. Assim, os bens alimentares não transformados e os produtos energéticos são excluídos do seu cálculo. Este indicador, ao excluir os bens mais suscetíveis a oscilações temporárias de preço, ajuda-nos a perceber melhor se a subida da inflação poderá ser mais permanente ou temporária.

Os últimos dados de Portugal, divulgados recentemente, mostram-nos que, em outubro, a taxa de inflação homóloga foi de 10,2%, enquanto a taxa de inflação subjacente foi de 7,1%. Apesar de os preços dos bens alimentares não transformados e dos produtos energéticos estarem a pressionar a taxa de inflação para cima (com variações bastante superiores à taxa de inflação), os restantes produtos também têm registado um aumento cada vez mais pronunciado.

sábado, 15 de outubro de 2022

Taxas de juro asssociadas aos empréstimos

 

Num empréstimo bancário, a escolha do tipo de taxa de juro terá enorme implicação no esforço financeiro do devedor. A taxa de juro de um empréstimo pode estar associada a um indexante (normalmente, a Euribor) e, neste caso, ela oscilará em função da evolução desse indexante; pode manter-se fixa ao longo de todo o período do empréstimo; pode manter-se fixa ao longo de determinado período do empréstimo e variar em função de um indexante no restante período.

Dependendo da altura em que o empréstimo é contraído e da conjuntura económica do momento e futura (difícil de prever), qualquer uma das modalidades descritas pode tornar-se a melhor opção. Assim, dada a incerteza, antes de o devedor decidir deve refletir muito bem sobre todas as opções para que a escolha seja tomada tendo em conta vários cenários.  

Nos empréstimos com taxa variável, a taxa de juro é constituída pelo spread negociado com o banco e pelo indexante (Euribor). A prestação de um empréstimo é revista periodicamente, conforme o indexante associado (3 meses, 6 meses…). Nos últimos meses, a Euribor tem subido significativamente, pelo que o valor das prestações a pagar pelos devedores tem sido revisto em alta.  

No caso de ter sido contratado um empréstimo com taxa fixa, o valor da prestação é igual durante o prazo. Em comparação com a taxa variável, esta modalidade traz mais previsibilidade ao devedor, uma vez que a sua prestação não oscilará em função do indexante.  

Alguns devedores optam pela taxa mista, fixando a prestação num período inicial (por exemplo, nos primeiros 10 anos do empréstimo) e sujeitando-se à variação da Euribor no período seguinte.

Em Portugal, a maioria dos empréstimos estão associados a uma taxa variável. Se é verdade que, nesta altura, os devedores assistem a subidas muito significativas das suas prestações, também é verdade que nos últimos anos os mesmos devedores beneficiaram com a Euribor negativa.

No início do contrato, não é fácil saber qual é decisão mais acertada: taxa variável, fixa ou mista, pelo que o devedor deve analisar muito bem o seu orçamento para saber até onde pode ir.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS

 

Expressão latina, que pode ser traduzida como “enquanto as coisas estiverem assim”. Trata-se de uma cláusula que permite às partes romperem determinado contrato por as condições previstas na altura em que o mesmo foi celebrado terem alterado de forma substantiva. Como se depreende, a impossibilidade de uma das partes de cumprir determinado contrato nas condições anteriormente acordadas terá de ser provado de forma inequívoca.

Imagine-se que, há dois anos, um produtor e um comprador celebraram um contrato de compra e venda de cereais, em que o produtor se obrigava a vender determinada quantidade de cereais, durante 10 anos, a um preço fixado previamente. Passados dois ou três anos do início do contrato, as condições de produção alteram-se de tal forma que o produtor não consegue vender os cereais ao preço estabelecido. Neste caso, o produtor pode utilizar aquela cláusula para romper com as condições preestabelecidas no contrato.

Esta cláusula visa associar o contrato às condições do ambiente. Ou seja, os negócios têm determinado enquadramento, pelo que as condições contratuais acordadas têm de ter em conta a realidade existente. Assim, as partes podem renunciar às obrigações contratuais que tinham sido negociadas nos casos em que as circunstâncias alterarem substancialmente.

Este artigo não visa esmiuçar, juridicamente, as causas enquadráveis na aplicação de tal cláusula (até porque a imprevisibilidade e o grave prejuízo decorrente da manutenção do contrato nas condições acordadas terão de ser inequivocamente provados), mas apenas dar a conhecer a possibilidade de, em termos económicos, e perante circunstâncias muito específicas, uma das partes cancelar ou renegociar contratos cujas obrigações desequilibram completamente a relação contratual, prejudicando irremediavelmente uma das partes e tornando o seu cumprimento impossível.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Diminuição do salário real

 

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, no segundo trimestre de 2022, os salários médios dos trabalhadores portugueses caíram mais de 4% (em termos homólogos). A subida dos salários nominais (mais de 3%) não acompanhou a inflação, razão pela qual os salários reais diminuíram significativamente.



domingo, 4 de setembro de 2022

Quando é que os preços dos bens começaram a subir?

 

A subida acentuada dos preços dos bens afeta o poder de compra das famílias, mina a confiança das pessoas e das empresas e pode trazer estagnação (ou decrescimento) económica. Para limitar a subida dos preços, os bancos centrais são obrigados a subir as taxas de juro, pelo que os efeitos da inflação são ainda mais calamitosos.

No entanto, vale a pena desmistificar as causas da inflação atual. Ao contrário do que se diz frequentemente, a subida dos preços dos bens não está apenas associada à guerra que grassa na Ucrânia. Os números provam que nos últimos meses de 2021 (antes de a guerra ter iniciado) o IPC (índice de Preços no Consumidor) já ultrapassava os 2%; em janeiro de 2022, em Portugal, o IPC já ultrapassava os 3%.

No fim de outubro de 2021, já aqui referia a subida dos preços dos bens, especialmente de algumas matérias-primas.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Papel da concorrência no controlo dos preços

 

Nas redes sociais, assisto à indignação de muita gente por as empresas estarem a subir os preços enquanto os respetivos lucros sobem. Vale a pena referir que muitas daquelas subidas têm como base um período em que a economia ainda sofria com as restrições impostas devido à pandemia.

A melhor forma de limitar a subida dos preços é permitir que haja uma verdadeira concorrência entre as empresas. Quanto maior for o poder de determinada empresa no mercado, maior será a probabilidade de uma subida desproporcional dos preços dos produtos transacionados.  


terça-feira, 23 de agosto de 2022

Capitalização contínua

 

Com vimos num dos últimos artigos, em regime de juros compostos, o valor acumulado será maior quanto mais pequenos forem os períodos de capitalizações durante o ano, ainda que o resultado tenda a aproximar-se de determinado montante, sendo que as diferenças são cada vez menos significativas.

A fórmula a seguir apresentada permite-nos calcular o valor máximo que se obteria se os juros fossem pagos continuamente.



sexta-feira, 19 de agosto de 2022

A inflação não é igual para todos...

 

Sabemos que a taxa de inflação, medida pelos institutos competentes (INE, EUROSTAT, etc.), reflete o aumento médio dos preços e é calculada através da evolução dos preços de determinado cabaz de produtos. Este cabaz inclui um conjunto de produtos que compõem a despesa média das famílias.  

Como se depreende, as pessoas têm diferentes necessidades, pelo que adquirem diferentes produtos e distintas quantidades de cada produto; o aumento de preços verificado no cabaz de determinada família pode ser significativamente diferente do aumento de preços verificado noutra família.

Também sabemos o momento de inflação por que estamos a passar afeta de forma diferente alguns produtos. Por exemplo, os produtos energéticos e alguns produtos de primeira necessidade (por exemplo, cereais e óleo) são dos que mais têm contribuído para o aumento da inflação. Pessoalmente, verifico que os preços de muitos dos produtos que compõem o meu cabaz têm aumentado bastante mais do que a taxa de inflação anunciada oficialmente.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Número de Neper e os juros compostos

 

O número Neper, também conhecido pelo número de Euler (em homenagem ao matemático Leonhard Euler) é representando pela letra e e equivale a, aproximadamente, 2, 71828 (trata-se de uma dízima infinita não periódica, ou seja, que tem infinitos algarismos a seguir à vírgula, sem que haja uma sequência nessa infinidade de casas decimais) e, ao contrário de outros números conhecidos (como o ), não tem origem na Geometria.

Este é um dos números reais mais interessantes e mais importantes, dado que tem variadíssimas aplicações práticas, em áreas do saber como a Física, a Biologia, a Matemática, as Finanças, entre outras. Por exemplo, se calcularmos o capital acumulado por um euro, durante um ano, em regime de capitalização composta, à taxa de juro anual de 100% (utilizo esta taxa apenas por uma questão de simplificação de cálculos, mas o raciocínio é o mesmo para qualquer outra taxa de juro), aperceber-nos-emos que, à medida que considerarmos período mais pequenos de capitalizações no mesmo ano, o resultado aproximar-se-á do número de Neper.

A tabela seguinte mostra que o aumento do número de capitalizações durante o ano aproxima o resultado ao número de Neper.



Para calcular os capitais acumulados apresentados na tabela foi utilizada a seguinte fórmula:









Se continuássemos a aumentar indefinidamente o número de capitalizações durante o ano, o resultado aproximar-se-ia ainda mais do número de Neper, sendo que o acréscimo de capital seria cada vez menor  neste caso, o valor acumulado nunca chegaria a atingir 2,72€.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Eternização dos prejuízos

 

Sistematicamente, os jornais portugueses destacam os lucros das empresas portuguesas. Se o destaque tivesse como objetivo elogiar a estratégia dessas mesmas empresas e mostrar os bons exemplos, a sociedade portuguesa teria muito a ganhar.

No entanto, na maioria das vezes, o objetivo da comunicação social é criticar a existência de lucros que, na sua opinião, são exagerados e deveriam ser distribuídos de outra forma pelos agentes económicos. Independentemente de considerar que, em alguns casos, os resultados positivos poderiam ser distribuídos de outra forma, o foco da discussão deveria passar dos lucros exagerados para os prejuízos eternizados. Muito pior que os lucros são os prejuízos regulares de algumas empresas que, com o apoio do Estado, todos os portugueses acabam por pagar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Crítica fácil

 

Numa rede social, uma pessoa adverte que a empresa de Mário Ferreira (Douro Azul)  que ontem fez uma viagem ao espaço  não apresenta no seu site atividades relacionadas com a Responsabilidade Social.

Uma breve pesquisa na internet permite identificar várias ações de Responsabilidade Social da empresa de Mário Ferreira.

Por exemplo:

 - https://radioaltominho.pt/noticias/douro-azul-investiu-14-me-no-navio-hotel-sao-gabriel-construido-em-viana-do-castelo/

- https://www.dinheirovivo.pt/empresas/patrao-da-douroazul-recruta-com-salario-minimo-acima-de-1000-euros-12685910.html

- https://eco.sapo.pt/2022/01/14/douroazul-vai-ao-interior-recrutar-100-colaboradores-para-epoca-cruzeiros-2022/

Em Portugal, infelizmente, é muito fácil criticar quem consegue atingir determinado nível de sucesso…    

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

A concorrência faz milagres

 

No que diz respeito à venda de combustíveis, a mesma insígnia de supermercados cobra preços completamente diferentes. No mesmo dia, a diferença de preços praticados pela mesma empresa em dois locais separados por 30 Km é de cerca de 0,10€/litro.

Complementarmente, os preços praticados por duas gasolineiras que comercializam combustíveis da maior empresa portuguesa, sediadas em dois concelhos limítrofes, é, frequentemente, de 4/5 cêntimos.

Não gosto de monopólios...

 

Os monopólios são prejudiciais para a Economia, para o desenvolvimento e para os consumidores. Independentemente do tipo ou da forma de monopólio, o controlo absoluto por parte de uma só entidade não só desincentiva a oferta de novos produtos, mais inovadores e mais adaptados às necessidades dos clientes, como permite que sejam cobrados preços mais elevados aos clientes.

A inexistência de concorrência permite que a única empresa fornecedora continue a oferecer o mesmo produto/serviço durante muito tempo e não sinta necessidade de fazer coisas diferentes para conseguir fidelizar os clientes e/ou atrair novos clientes.

sábado, 23 de julho de 2022

A subida das taxas Euribor

 

Os bancos da zona euro emprestam dinheiro uns aos outros. Se calcularmos a média das taxas de juro a que uns bancos da zona euro, devidamente selecionados tendo em conta critérios predefinidos, emprestam aos restantes obtemos o valor das taxas Euribor.

Depois de alguns anos em valores negativos, nas últimas semanas as taxas Euribor têm subido significativamente e já estão em terreno positivo.

Em Portugal, muitos dos empréstimos estão indexados às taxas Euribor, pelo que as famílias e as empresas que pediram dinheiro ao banco terão de suportar custos maiores quando as taxas Euribor subirem. O reflexo desta subida não é imediato para as famílias e para as empresas, mas irá revelar-se quando a prestação for revista, que depende do indexante associado a determinado empréstimo (Euribor a 3 meses, 6 meses ou 12 meses).

terça-feira, 19 de julho de 2022

Paridade do euro relativamente ao dólar

 

Desde a entrada em circulação que o euro tem superado quase sempre o dólar. Se excetuarmos um período inicial (em 2002), quando o euro ainda tinha pouco tempo de existência, a cotação da moeda única europeia manteve-se sempre acima da cotação da moeda Norte-Americana.

Com a guerra a contribuir fortemente para a expectativa de a Zona Euro entrar em recessão, o euro tem desvalorizado significativamente ao longo dos últimos meses e, há alguns dias, foi atingida a paridade com o dólar. O atraso do Banco Central Europeu em tomar medidas que permitam limitar a inflação (aumento das taxas de juro) contribui para que o dólar continue a valorizar-se em relação à moeda europeia.

Em termos de trocas comerciais, a subida da cotação do dólar relativamente ao euro permite que as empresas europeias consigam vender os seus produtos a preços mais baixos aos clientes Norte-Americanos. Pelo contrário, os clientes europeus terão de pagar mais pelos produtos importados que estejam cotados os dólares, como é o caso das matérias-primas energéticas.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Duopólio e duopsónio

 

O Duopólio é uma estrutura de mercado caracterizada pela existência de apenas dois vendedores. Se, em Portugal, houvesse apenas duas empresas a vender operações móveis estaríamos na presença de um Duopólio.

O Duopsónio caracteriza-se pela existência de apenas dois compradores de determinado bem ou serviço perante um elevado número de vendedores. Por exemplo, imagine-se que em Portugal existiam apenas duas empresas responsáveis pela compra de madeira aos milhares de pequenos vendedores. Neste caso, os compradores têm muita influência sobre os preços praticados.  

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Estratégia

 

Tenho muita dificuldade em perceber como é que pessoas, teoricamente, bem preparadas para gerir a União Europeia (e, individualmente, cada um dos países que a integram) não foram capazes de perceber que era um erro ficarem dependentes de um fornecedor de gás.

O gestor de uma pequena empresa teria conseguido antecipar as consequências e, rapidamente, diversificaria o número de fornecedores. O preço que estamos a pagar pela dependência energética da União Europeia relativamente ao gás e petróleo russos é uma consequência da estratégia errada que foi seguida até aqui.  

A situação teria ficado ainda mais límpida se os gestores da União Europeia tivessem acrescentado Putin à equação.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Estagflação?

A inflação tem como principal consequência a diminuição do poder de compra e a consequente deterioração qualidade de vida das famílias. Além da inflação, cada vez mais economistas preveem que a economia estagne e haja um aumento significativo do desemprego. Chama-se estagflação ao cenário económico que combina inflação, com estagnação económica e aumento do número de desempregados.  Como se percebe, um cenário de estagflação trará graves consequências, tanto para as empresas (menores investimento, menores lucros, etc.) como para as famílias (menor poder de compra, aumento da pobreza, etc.).

Perante um cenário de inflação, os bancos centrais podem atuar aumentando as taxas de juro; num cenário de estagflação, a gestão é muito mais difícil, já que, por um lado, é necessário controlar o aumento dos preços, mas, por outro lado, também é necessário ajudar as famílias e as empresas que vão cair numa situação difícil…


quarta-feira, 8 de junho de 2022

Produção de cereais

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia veio provocar uma crise cerealífera, uma vez que aqueles dois países são dos maiores produtores de cereais do mundo. Na comunicação social vejo várias personalidades, incluindo ministros, a defenderem a aposta dos agricultores portugueses na produção de cereais, como forma de nos tornarmos menos dependentes das importações de cereais  atualmente, Portugal produz cerca de 18% dos cereais que consome.

Caberá a cada agricultor decidir se pretende ou não produzir cereais, mas, em termos de estratégia nacional, o incentivo à produção de cereais é contraproducente. Se Portugal não é competitivo na produção de cereais, principalmente por causa das questões de solo e de clima, o custo de oportunidade é demasiado elevado para que prescindamos da produção de outros bens em que somos mais competitivos para nos dedicarmos à produção de bens cuja vantagem está do lado dos nossos concorrentes internacionais.

sábado, 4 de junho de 2022

Consequências da inflação

 A subida generalizada dos preços dos bens e serviços tem consequências nefastas para os consumidores e para a economia.  

As pessoas, para comprarem a quantidade de bens de que necessitam, utilizam o rendimento que auferem (rendimentos do trabalho, de capitais, etc.). No entanto, com o aumento dos preços, a quantidade de bens e serviços que é possível comprar diminui, pelo que o poder de compra é menor do que era anteriormente. Se os rendimentos não acompanharem o valor da inflação (aumentando na mesma proporção dos aumentos dos preços), o poder de compra diminui e as condições de vida deterioram-se.

O salário nominal representa a quantidade de moeda que cada um aufere, enquanto o salário real mede a quantidade de bens e serviços que é possível comprar com o salário nominal. Assim, num contexto de inflação, o salário real diminui, o que representa uma diminuição da capacidade aquisitiva.

Complementarmente, com a inflação, e dado que, com o mesmo valor, cada pessoa comprará cada vez menos bens e serviços, assiste-se a uma deterioração do valor da moeda. Se pensarmos num indivíduo tem que 10 000€ depositados num banco, com o aumento dos preços essa quanta servirá para comprar cada vez menos bens e serviços.  

domingo, 29 de maio de 2022

Escala móvel

 

Em Itália, nas últimas 3 décadas do século XX e depois da crise inflacionista iniciada nos anos 70, foi utilizado um mecanismo, designado por scala mobile (escala móvel), que permitia ajustar automaticamente o valor dos salários e das pensões ao custo de vida. Assim, no início de cada ano, os salários e as pensões de reforma eram atualizadas tendo em conta os valores da inflação registados anteriormente.

Esta estratégia tinha como vantagem a recuperação do nível de vida, dado que o rendimento era constantemente atualizado de forma que as pessoas não perdessem poder de compra em virtude do aumento significativo dos preços dos bens e serviços.

Nos últimos meses, a maioria dos portugueses tem vindo a perder poder de compra, uma vez que os preços dos bens estão a aumentar mais do que os seus rendimentos. Este mecanismo (scala mobilie), apesar de ter sido implementado em vários países europeus, é apontado como propulsor de pressões inflacionistas e da perpetuação de aumentos de preços, razão pela qual muitos economistas rejeitam a indexação automática dos salários à inflação.