sexta-feira, 14 de julho de 2023

Mais-valias na venda de jogadores

 

Nesta altura no ano, os clubes de futebol fazem os ajustes necessários nos seus plantéis, despachando os jogadores que não interessem e adquirindo os jogadores necessários ao preenchimento de lacunas.

A compra de um jogador em determinado ano não implica que os resultados desse período sejam afetados negativamente em montante igual, dado que o valor do passe é um ativo do clube cuja desvalorização ocorre ao longo do período da duração do contrato. Se, por exemplo, um clube adquirir 100% dos direitos de um jogador por 100 milhões de euros e estabelecer com ele um contrato de 5 anos, apenas 20% dos custos serão imputados em cada um dos 5 anos de duração do contrato.

Além disso, seja por necessidade de liquidez e/ou resultados, oportunidade de negócio ou incapacidade, os clubes de futebol vendem jogadores, muitas vezes a clubes estrangeiros com melhores capacidades financeiras. A venda de jogadores gera receitas para os clubes que detêm os respetivos passes e, mesmo que determinado clube possua 100% do passe de um jogador, o valor gerado na venda nunca determina uma mais-valia no mesmo montante. De uma forma simplificada, a mais-valia (a que influenciará o resultado líquido) é determinada pela diferença entre o valor da venda e o valor contabilístico (valor de aquisição menos as amortizações acumuladas) — normalmente, ao valor da venda são deduzidos outras parcelas, como os custos de intermediação ou as responsabilidades com o mecanismo de solidariedade, entre outros.

Imagine-se um clube de futebol que adquiriu 100% do passe de um jogador por 10 milhões de euros, estabelecendo com ele um contrato de 5 anos. Dois anos depois, o clube vendeu o jogador por 20 milhões de euros. A mais-valia apurada na venda do jogador será determinada da seguinte forma: 20 milhões – (10 milhões – 10 milhões x 20% x 3) = 16 milhões de euros. Neste caso, a mais-valia gerada pela venda do jogador será de 16 milhões de euros. Para simplificação dos cálculos, optou-se por não incluir outros custos, como os custos de intermediação ou prémios de assinatura. 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Tipo de taxa nos empréstimos

 

Como vimos nos últimos artigos publicados no blogue, a inflação — e o respetivo aumento das taxas de juro para a combater — influenciará o valor das prestações pagas pelos clientes bancários. Na altura da negociação de um empréstimo, o cliente bancário pode escolher uma taxa de juro variável ou fixa — em muitos empréstimos é utilizada uma taxa de juro mista, fixa numa parte inicial do contrato e variável no restante período.

Nos empréstimos com taxa fixa, o valor das prestações mantém-se estável durante determinado período. Pelo contrário, as prestações relativas aos empréstimos com taxas variáveis aumentarão ou diminuirão em linha com o indexante (normalmente, a Euribor).

Em Portugal, as taxas variáveis são as mais utilizadas nos empréstimos, representando cerca de 90% do total. Na análise aprofundada que deve ser feita antes da contratação de um empréstimo, o devedor tem de avaliar muito bem as vantagens e as desvantagens da taxa fixa e da taxa variável. Normalmente, as taxas fixas são mais elevadas, mas protegem o devedor dos aumentos das taxas de juro. Nos empréstimos com taxas variáveis, o valor das prestações é volátil e aumentará ou descerá conforme a direção das taxas de juro. A taxa variável permite que o devedor beneficie de uma taxa de juro mais baixa no início do contrato, assim como nos momentos em que o indexante está a diminuir. Na escolha da taxa variável, o devedor deverá avaliar muito bem a sua capacidade para pagar as prestações caso haja um aumento significativo, e por vezes repentino, das taxas de juro.

sábado, 1 de julho de 2023

Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE)

 

Normalmente, o crédito à habitação é a obrigação que implica o maior esforço financeiro da vida das pessoas, pelo que devem analisadas e comparadas todas as opções disponíveis. Nos vários prazos apresentados/disponíveis, as famílias devem avaliar se têm condições financeiras para pagar as prestações durante todo o período do empréstimo.  

A FINE é um documento que deve ser entregue pelos bancos aos clientes bancários quando estes solicitam uma simulação de um empréstimo destinado à compra de habitação e na altura da aprovação do contrato de crédito. Esta ficha segue modelos padronizados, pelo que facilita a comparação entre as várias opções disponíveis no mercado.  

Entre as características do empréstimo e outras informações importantes (TAEG, TAN, MTIC…), a FINE deve identificar o montante de cada prestação no pior cenário, sendo que este deve respeitar à taxa mais elevada dos últimos 20 anos — ao pedir uma simulação num banco, a FINE deverá indicar qual é o valor da prestação caso o indexante (Euribor) atinja o valor mais elevado dos últimos 20 anos. Para quem pretende contrair um empréstimo junto de uma entidade financeira, esta informação é deveras importante para avaliar a capacidade financeira de pagar os valores das prestações caso o indexante suba até aos valores mais altos dos últimos 20 anos. No quadro de reembolso, o cliente bancário ficará a saber qual é o acréscimo que terá na sua prestação (e respetiva composição) devido ao aumento da taxa de juro.