Nas
últimas semanas tivemos a oportunidade de conhecer os números do Produto Interno
Bruto (PIB) de vários países. Ao olhar para os números divulgados na televisão,
chamou-me atenção a diminuição do PIB americano: 32,9%. A maior parte dos órgãos de comunicação portugueses limitou-se a lançar os números sem os explicar.
Em
Portugal, no segundo trimestre, a economia recuou 16,5% em comparação com o
mesmo período do ano anterior; 14,1% se compararmos com os 3 primeiros meses de
2020.
No
entanto, os EUA não utilizam a mesma metodologia que é utilizada no nosso
continente, razão pela qual os 32,9% não devem comparados com os dados de
Portugal e/ou dos restantes países da União Europeia. Aquele valor refere-se à
evolução da economia no segundo trimestre numa base anualizada (ou seja, os
32,9% correspondem à diminuição do PIB anual no pressuposto de que nos
restantes trimestres a economia tenha a mesma evolução, o que é pouco provável).
Nos países na União Europeia, os dados indicam a variação efetiva do PIB em
comparação com o mesmo período do ano anterior (variação homóloga) ou com os 3
meses anteriores (variação em cadeia).
Muito
pior do que transmitir os números sem explicar o respetivo enquadramento (o que
fez a maioria dos canais de televisões portugueses) é tentar comparar os dados
portugueses (seja os valores homólogos ou em cadeia) com os 32,9% dos EUA. Quem
quiser comparar os dados de qualquer país da União Europeia com os EUA pode
fazê-lo utilizando os 9,5% relativos à diminuição do PIB norte-americano em
relação ao trimestre anterior (em cadeia).
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