quinta-feira, 3 de julho de 2025

Lei de Benford

 

A título de exemplo, imagine que decide consultar as populações de todos os países mundiais, ou de todas as freguesias portuguesas, e verificar qual é o primeiro algarismo que aparece mais vezes. Em princípio, poderá pensar que todos os algarismos, entre 1 e 9, têm igual probabilidade de aparecer (11,11%).

A lei de Benford diz-nos que a probabilidade de o primeiro algarismo ser 1 é maior do que ser o 2; e a probabilidade de este ser o primeiro algarismo é maior do que a probabilidade de ser 3, a assim sucessivamente. As diferenças entre a probabilidade de aparecer determinado algarismo e o algarismo seguinte são significativas — a probabilidade de aparecer o 1 é cerca de 30%, enquanto a probabilidade de encontrar o algarismo 2 é cerca de 18%.

Apesar de, aparentemente, parecer contraintuitiva, a lei de Benford está presente em muitas situações do quotidiano. Esta lei é muito importante e pode ser usada em muitas áreas, como, por exemplo, em auditoria e na identificação de fraudes financeiras ou fiscais. Se, numa dada declaração fiscal houver discrepância entre os dados declarados e a lei de Benford, pode ser um indício de que algo não está correto.

No entanto, convém ressalvar que a lei de Benford aplica-se mais eficazmente a dados que têm várias ordens de magnitude (por exemplo, números de conta construídos sequencialmente à medida que surgem novos clientes) e não se aplica quando há intervenção humana na atribuição dos números, quando há restrições no conjunto de dados (por exemplo, se os números de telemóvel iniciam todos pelo algarismo 9) ou quando os dados são gerados de forma aleatória (por exemplo, no lançamento de dados ou nos números da lotaria).    

Há uma série transmitida pela Netflix, a Era dos Dados, que mostra um conjunto de situações em que se aplica a lei de Benford.

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