domingo, 13 de julho de 2025

Leis do Milho

 

Agora que o debate sobre a imposição de tarifas aos bens importados continua na ordem do dia, vale a pena relembrar as Leis do Milho, executadas na Inglaterra no século XIX. Naquela altura, depois das guerras napoleónicas, para proteger os seus agricultores, a Inglaterra introduziu tarifas ao milho importado.

À semelhança do que acontece atualmente, a introdução de tarifas aos bens importados gerou enorme controvérsia. Os defensores das tarifas argumentavam ser necessário proteger os produtores locais de milho e que o país deveria tornar-se autossuficiente. Do lado oposto, criticava-se o encarecimento do milho (que penalizava de forma mais severa os mais pobres) e o prejuízo causado no comércio internacional. David Ricardo foi um dos que mais criticaram as Leis do Milho, por considerar que o comércio internacional trazia mais benefícios do que o protecionismo comercial.

Já naquela altura, à semelhança do que acontece atualmente, a introdução de tarifas aos bens importados, visando incentivar a produção interna e auxiliar as empresas nacionais, é tema muito controverso.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Lei de Benford

 

A título de exemplo, imagine que decide consultar as populações de todos os países mundiais, ou de todas as freguesias portuguesas, e verificar qual é o primeiro algarismo que aparece mais vezes. Em princípio, poderá pensar que todos os algarismos, entre 1 e 9, têm igual probabilidade de aparecer (11,11%).

A lei de Benford diz-nos que a probabilidade de o primeiro algarismo ser 1 é maior do que ser o 2; e a probabilidade de este ser o primeiro algarismo é maior do que a probabilidade de ser 3, a assim sucessivamente. As diferenças entre a probabilidade de aparecer determinado algarismo e o algarismo seguinte são significativas — a probabilidade de aparecer o 1 é cerca de 30%, enquanto a probabilidade de encontrar o algarismo 2 é cerca de 18%.

Apesar de, aparentemente, parecer contraintuitiva, a lei de Benford está presente em muitas situações do quotidiano. Esta lei é muito importante e pode ser usada em muitas áreas, como, por exemplo, em auditoria e na identificação de fraudes financeiras ou fiscais. Se, numa dada declaração fiscal houver discrepância entre os dados declarados e a lei de Benford, pode ser um indício de que algo não está correto.

No entanto, convém ressalvar que a lei de Benford aplica-se mais eficazmente a dados que têm várias ordens de magnitude (por exemplo, números de conta construídos sequencialmente à medida que surgem novos clientes) e não se aplica quando há intervenção humana na atribuição dos números, quando há restrições no conjunto de dados (por exemplo, se os números de telemóvel iniciam todos pelo algarismo 9) ou quando os dados são gerados de forma aleatória (por exemplo, no lançamento de dados ou nos números da lotaria).    

Há uma série transmitida pela Netflix, a Era dos Dados, que mostra um conjunto de situações em que se aplica a lei de Benford.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Suposições

 

Nos últimos dias temos visto algumas notícias sobre a suposta fragilidade da economia russa. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, e perante muitas adversidades (por exemplo, sanções impostas por outros países), vários analistas afirmam convictamente que a economia russa é pujante e como está baseada na indústria da guerra não será afetada.

Apesar de a Rússia ter diversificado os seus mercados de petróleo e gás vendendo bastante mais para alguns países, conseguindo assim reduzir as consequências das sanções impostas, não acredito que um período tão longo de guerra não provoque danos significativos na economia russa. Como em tudo na Rússia, os números apresentados poderão esconder a realidade e só mais tarde é que poderemos conhecer a verdadeira situação.