Robert Triffin foi um economista que apresentou,
na década de sessenta do século XX, no congresso americano, um dilema
relacionado com a emissão de moeda (que funciona internacionalmente como moeda
de reserva) que um país tem de fazer para gerar liquidez suficiente ao comércio
internacional, endividando-se cada vez mais e, por essa via, pondo em causa a
confiança na moeda. Há uma tensão constante entre o papel que uma moeda global
terá de ter, assegurando a liquidez suficiente aos mercados, e a necessidade de
equilibrar as contas externas do país emissor da moeda. Esta contradição ocorre
porque a moeda é utilizada simultaneamente como moeda oficial de um país e é a
moeda de referência no comércio internacional.
Para
que haja comércio internacional, os países intervenientes necessitam de trocar
as suas moedas. Para facilitar as trocas comerciais, os países podem utilizar
uma moeda internacionalmente aceite, que seja da sua confiança, sendo que, atualmente,
é o dólar dos Estados Unidos da América (EUA) que desempenha esse papel
importante.
Imaginem
que um país negoceia com 30 países. Sem a existência de uma moeda
internacionalmente aceite e de confiança, os países aderentes ao comércio
internacional teriam de manter grandes variedades de moedas de outros países. Para
facilitar o comércio internacional, uma parte muito significativa das trocas é
realizada em dólares americanos, servindo esta como moeda de reserva.
No
entanto, se houver muitos países a utilizar o dólar como moeda de troca, os EUA
têm de fornecer a quantidade de moeda necessária. Um país que necessite de
dólares terá de vender mais aos EUA do que importará daquele país, recebendo
assim os dólares necessários para operar no comércio internacional. Se os EUA
importarem, para a maioria dos países, muito mais do que exportam criam défices
crescentes e veem-se forçados a optar por uma de duas soluções negativas:
aumentar continuamente o seu défice comercial e financiar as trocas globais ou
abdicar de défices e provocar falta de liquidez no comércio internacional.
Além
disso, se um país cuja moeda é utilizada preferencialmente no comércio
internacional (como os EUA) continuar com défices cada vez mais elevados,
endividando-se cada vez mais, no longo prazo a sua moeda perderá a confiança e
desvalorizar-se-á.
Resumindo,
se os EUA optarem por manter a sua moeda como reserva global e, por isso,
acumularem défices prevê-se a perda de confiança no dólar; se os EUA quiserem
diminuir o défice haverá menos dólares e, por isso, faltará liquidez nos
mercados e gerar-se-á instabilidade económica e financeira.
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